Desde as últimas semanas que comentei sobre esse vídeo1 do
, onde ele fala sobre o preço que pagamos para ser produtivos, ele não sai da minha mente, em uma espécie de ruminação. Justamente nesse período de NaNoWrimo, onde somos encorajados a escrever o máximo no menor tempo possível para bater uma meta, me desequilibrou um pouco naquilo que era a minha meta de escrita.Há uma semana deixei de publicar histórias no instagram sobre o desafio, até pensei em continuar, mas não faria sentido sendo que abandonei o desafio muito antes.
Não é uma crítica ao desafio de escrever 50 mil palavras em um mês, tem suas muitas vantagens. Porém não é para todo tipo de escritor, me fez pensar a respeito da minha necessidade em escrever de maneira mais aprofundada e por mais tempo.
De certa forma eu sabia inconscientemente sobre as coisas que ele menciona no vídeo, ou eu ao menos sentia que era o certo a fazer e por isso eu não quis colocar como meta para esse mês de novembro uma história com a qual eu me importasse de verdade, escrever a história que pulsa dentro de mim querendo ser escrita.
Antes de novembro consegui escrever um conto com tranquilidade em dois meses, com uma meta baixa de 200-300 palavras por dia. A história que estava escrevendo para o NaNoWriMo ficou tão confusa que não me atrai terminá-la assim como está. Ainda que eu disse - na maioria das vezes para mim mesma - que não deveria levar esse desafio tão a sério, foi um mês estressante, não alcançar a meta, ficar vários dias sem escrever nada, me deixou desanimada. Ou também escrever qualquer coisa para alcançar a meta diária só realçou meus vícios de escrita.
Não acredito que tenha melhorado em algum aspecto a minha escrita, e não tenho vontade de participar de outra maratona de escrita no futuro. O que não significa que não tenho vontade de escrever ou que vou deixar de fazê-lo. Pelo contrário. Valeu a experiência do desafio pela oportunidade de conhecer outros escritores, mas principalmente como eu funciono como escritora.
Agora que estou livre de amarras, vou me dedicar a 01) revisar aquele conto das botas que já terminei e 02) escrever essa história que não paro de pensar a respeito. Assim que revisar, publicarei o conto das botas por aqui, para saber um pouco a opinião de vocês.
Sobre a outra história, ela precisa ser gestada com cuidado, com paciência, passo a passo, palavra por palavra. Não deixando nenhum fio solto no mistério, assim como na trama em geral.
Há muito tempo atrás eu li um livro2 em que a autora propõe ler um livro por dia durante um ano. Esses dias, pensando sobre como começar a história que quero escrever tive a ideia de fazer o mesmo que Nina, mas com a escrita. Escrever todos os dias 200-300 palavras, ou pelo menos 30 minutos trabalhar na história, que pode ser pesquisa, organização, criar personagens, etc. Desde 01 de janeiro até 31 de dezembro, e diferente do NaNoWriMo, que conta apenas as palavras escritas dentro da história, vou considerar tudo o que escrever e anotar para a história, seja planejamento, história pessoal dos personagens, descrição do ambiente, tudo.
Um ano pode ser até pouco tempo para terminar uma obra. Por isso a meta não será finalizá-la, mas trabalhar nela. É uma meta bem razoável em meio a tantos afazeres. Outro ponto é trabalhar em melhorar a minha escrita, seguir lendo mais livros como fiz na metade do ano para cá e publicar semanalmente aqui.
Quem sabe não teremos um pouco mais de conteúdo literário? Pretendo montar uma lista de livros para ler baseada nos meus gostos pessoais, importância das obras, recomendações e quem sabe uma junção de outras listas, como daquele livro 1001 livros para ler antes de morrer3. Comentem aqui se listas de livros para ler também os interessa. E apesar de que não estabelecerei um número de livros para ler ano que vem, posso trazer aqui na newsletter meus comentários sobre as leituras feitas.
O NaNoWriMo acabou para mim, mas é como dizem: quando uma porta fecha… construimos outra porta (ou um novo desafio). Muita coisa pode acontecer em um ano. 2024 será uma aventura entre panelas, fraldas e livros.
O Ano da Leitura Mágica - Nina Sankovitch (link Amazon)
1001 livros para ler antes de morrer - Peter Boxall (link Amazon)
Antes de tudo, parabéns! Deve ter sido difícil pra cacete manter o ritmo do NaNoWrimo. Acompanhei toda a trajetória e minha admiração por ti só cresceu!
Sobre a questão de você não ter sentido melhora na sua escrita, acho que aconteceu porque, em certas áreas, a popular 10.000 hours rule não funciona bem.
Eu já tentei escrever assim, pensando: ah, beleza, nesse ritmo, daqui um tempo estarei escrevendo igual o Tolstoi, o Cervantes… O que não ocorreu, obviamente.
Hoje, me obrigo somente a escrever as páginas matinais. Meu objetivo é claro: despejar-me no papel, sabendo que ele vai pro lixo; me entender com mais clareza, confessar o inconfessável, etc.
Também gosto de imitar descaradamente meus autores favoritos. Pego um parágrafo e vou analisando, trocando o enredo, mas mantendo o estilo. Depois jogo fora. É só exercício mesmo.
Estou escrevendo um romance, mas lentamente; vou colecionando fragmentos dele durante o dia, anotando tudo no celular.
Olhe, não tenha pressa (e aqui falo tanto pra mim quanto pra ti), a obra vai sair. Mas tal como uma criança em fase de crescimento, ela precisa ser nutrida, cuidada, até que em algum momento adquira independência.
Cuidemos!