Uma declaração de amor improvisada
Um post não programado porque amanhã é dia dos namorados.
Durante a minha adolescência eu gostava muito de histórias românticas, suspirar pelos personagens. Então eu cresci e escutei que amor é decisão, percebi que nenhum ser humano vai se adequar a todas as características maravilhosas de um personagem, e me tornei uma antirromântica.
A verdade é que eu tampouco entendia o que a expressão amor é decisão queria dizer. Eu decido te amar, eu decido te querer. Não me parece suficiente. Há alguns anos até mesmo li aquele famoso livro As 5 linguagens do amor.
Só que assim como os temperamentos, ou qualquer outro compilado das características humanas em um número reduzido, não são regras exatas. Nós não somos seres redondos e fechados, ou completos. Por melhor que seja a teoria, o ser humano é complexo demais para encaixar perfeitamente nela.
Por incrível que pareça eu só descobri isso na prática há menos de 5 anos. Por que tantas vezes eu senti que fazia o suficiente ou minha obrigação, mas o outro não estava satisfeito? O outro ainda não se sentia amado. Não somente para o amor romântico, mas posso colocar numa lista uma porção de pessoas de quem tenho afeto.
Como escritora, descobri que era muito mais fácil mergulhar em uma história pronta, onde as falas dos personagens já estão delimitadas, os acontecimentos já estão prontos. Enquanto que escrever uma história do zero é como relacionar-se com as pessoas, você tem que conhecer, entender o porquê delas serem assim, falarem de tal maneira, portarem-se de um jeito específico.
Devo admitir que eu sempre fui muito antissocial, ou talvez alguém diria que é egoísmo, para mim sempre foi muito difícil colocar minha atenção nas relações sociais, interessar-me pelos sofrimentos, alegrias, a vida em geral, de outras pessoas, mesmo amigos ou familiares. Eu entro em um relacionamento, uma amizade - a família já está aqui desde o início -, conheço as pessoas e me sinto confortável para acreditar que é o suficiente. E a pergunta como vai? se torna rotineira e não acrescenta quase nada. No final das contas cada pessoa continua sendo um mistério esperando ser desvendado.
Assim como meus personagens esperam que eu me dedique a eles, que escreva um pouco cada dia para descobrir o que será que eles vão fazem em seguida. A verdade é que por mais que eu ame escrever, até isso tem sido difícil de fazer nos últimos dias.
Eu me afastei com uma certa vergonha das histórias românticas, vergonha de demonstrar meus sentimentos, parecia ser essa uma fraqueza. Mas a pior fraqueza é reprimi-los ao ponto de não saber controlá-los.
Então eu me questiono, a vésperas do dia dos namorados, será que vale a pena reclamar de mais um dia que virou comercial, feito para gastar ou eu posso fazer uma demonstração de amor simples, mas sincera? Sem olhar regras de como demonstrar para um tipo x, mas olhando de verdade para quem está ao meu lado. Dizem que é o dia do amor e da amizade, por isso digo que também vale para outros relacionamentos não românticos.
E para não dizer que deveria ser todos os dias e não apenas um, talvez isso signifique a decisão, decidir esforçar-me todos os dias para lembrar desse propósito, de olhar para as pessoas que eu amo com atenção, e fazer algo, demonstrar esse amor, não apenas querer.
Eu não tinha planejado escrever esse post, na verdade tem umas duas ideias que coloquei em espera para fazer esse texto. Tive vontade de escrever algo a respeito porque justamente ontem eu conheci uma brasileira que recém chegou aqui no Peru também para estar junto do namorado peruano.
Ela comentou sobre “As loucuras que o amor faz a gente cometer”, por deixar toda uma vida, uma história para trás e ir para outro país por causa de um amor.
Eu não acho loucura. Sem falar que nossa história sempre vamos carregar conosco de alguma maneira. Mas será loucura deixar um estado de vida anterior por outro melhor, mais promissor? Será loucura decidir casar-se e entregar-se por alguém que te entende, que tem os mesmos ideais, os mesmos objetivos que você? Alguém que também quer doar-ser para você e para os filhos, que quer construir uma nova história juntos? Alguém que você admira cada vez mais e que quer ser melhor cada dia para essa pessoa, seria loucura não deixar tudo para estar com ela, onde quer que fosse.
E mesmo tendo começado esse post sem saber o que escrever exatamente, ele se tornou uma sincera declaração de amor para ele.
Feliz dia dos namorados a todos!