Os dias são longos, mas os anos são curtos.
Não sei quem disse isso, mas essa pessoa tem muita razão.
Em poucos dias já será Natal, novamente. Eu me lembro bem do natal do ano passado, meu filho mais velho ainda tinha um pouco de dificuldade em andar sozinho, um certo medo de soltar-se das nossas mãos. Observava deslumbrado as decorações natalinas, sem entender muito o que estava acontecendo.
Hoje ele já corre, até mesmo dos nosso braços, acha graça. No presépio identifica: “mamã, papá, bebê” (geralmente chamando todos os bebês que encontra pelo nome da irmã, desde o menino Jesus até os filhotes de animais). Também identifica a “muu” (vaca), o “popó” (cavalo/burro), a “béé” (ovelha). Todos os demais pastores também são papá. E o Papai Noel é o vovô, mesmo que nenhum dos seus avôs sejam parecidos com esse senhorzinho.
Recentemente meu esposo me lembrou que serão poucos os meses que ainda teremos nossa filha mais nova nos braços, não somente pelo tamanho perfeito de tê-la no colo, como também pela pouca independência que ela ainda está descobrindo.
Um ano atrás, quatro meses a futuro… Passa tão rápido. Ao mesmo tempo em que estar em casa e cuidar das crianças parece demorar uma eternidade. Acordamos, cuidados com os bebês, cuidados com a casa… e são apenas 10h. Trabalha, trabalha, as crianças dormem, é o meu momento de ler um livro e tomar um café em silêncio (por fim!). Logo acordam, mais trabalho, horas passam e são apenas 16h! Às vezes ansio até demasiadamente a noite para poder escrever um pouco. Nem sempre dá certo.
Ainda assim, já li dois livros e meio e escrevi 25% de um conto natalino nesses 15 primeiros dias de dezembro. Às vezes uma página por dia de leitura, 500 palavras escritas não parecem muito, mas dá uma alegria poder olhar para trás e ver o quanto o esforço vêm sido acumulado para algo… ao menos interessante.
Isso que às vezes penso que ainda não estou dando meu 100% para a escrita. 2024 vem com uma certa incerteza, a insegurança na minha própria capacidade de formar um hábito. Hoje mesmo, segunda-feira, a minha vontade de fazer as tarefas da casa estava abaixo de zero. Então eu imaginei o que aconteceria (e é o que 99% das vezes acontece) se eu tomasse um dia de descanso. O caos.
Assim como as palavras escritas e os livros lidos se acumulam, os serviços também. Há tantas ideias que surgem ao longo do caminho que não sei qual a melhor para escrever, e tal qual patricinha de filme em relação à suas roupas, sinto que não tenho nada para usar.
Porém quanto menos eu escrevo, quanto mais dias “de folga” me permito ter, menos ideias surgem, e me custa um pouco agarrar o ritmo. Os textos aqui vão sendo despejados da mesma maneira como nas páginas matinais. Não que tudo precise estar milimetricamente calculado, interligado, porém eu sinto que ainda não encontrei a essência da minha newsletter.
Ou quem sabe sua essência seja ser assim, eclética? Um pouco de ficção, um pouco de aleatoriedades, comida, livros, crianças, reclamações, escrita, esperança. A vida, o universo e tudo mais!
Já é madrugada e até agora há pouco eu estava cortando uma cartolina para fazer cartões de natal. Pensando em como é bonito o gesto de fazer algo artesanalmente para presentear, como esses pequenos detalhes vão sendo perdidos ao longo do tempo.
Um dos ganhos do NaNoWriMo foi a comunidade de escritores que conheci. Lá combinamos de fazer um amigo secreto de contos. Cada um detalhou um pouco os próprios gostos para que seu amigo secreto escreva um conto com base nisso.
Está sendo um presente muito divertido de fazer, acredito mesmo que terminarei gostando mais do conto que escrevi do que o meu amigo secreto, isso que tem todos os elementos que ele gosta.
Contos, contos… Quando publicarei um por aqui? Já venho prometido há algum tempo ao menos o conto das botas. Mas confesso que não tive a coragem de revisá-lo com dedicação. Sinto que a reescrita é a parte mais chata do trabalho do escritor. Entretanto, faz parte.
E da mesma forma que a espera por esse conto finalizado possa parecer uma eternidade, seu momento chegará (quem sabe ano que vem hehe). Portanto, não criem muitas expectativas. Tenham paciência, contemplem a natureza, as pessoas, a vida ao seu redor. Os dias são longos, mas os anos são curtos.
Até a próxima.