Natal, Ano Novo e o Bambu Japonês
Tríade clássica para fechar o ano: reclamações, correria e mensagem de esperança.
Há uma semana eu entrei no Threads (por quê, meu Deus?). Isso só confirmou para mim que internet é terra de ninguém. Entre os que falam sobre livros nessa rede surgiu a polêmica de final de ano “Quantos livros lidos em 2023?”. Se você leu pouco, deveria ler mais, se você leu mais de 50 livros é porque não faz nada da vida, ou leu livros curtos, contos, histórias em quadrinhos e isso não conta.
Não conta pra quem?
Tem gente criando (para não dizer algo pior) regra para tudo quanto é lado. Já existem muitas pesquisas afirmando que o brasileiro não lê, quando o coitado tem a boa vontade aparecem os fiscais de leitura alheia para desanimar.
Não é só na leitura.
Vi um post que dizia sobre as regras para presentear. Ao invés de 01, a criança deveria receber 4 presentes neste Natal. Uma das coisas que eu mais gosto dessas festividades é poder comprar absolutamente nada para as crianças. Elas sempre recebem presente de alguém no final das contas. Além disso, os presentes que meus filhos mais valorizam são a presença e objetos perigosos tudo o mais que não se pareça com um brinquedo.
Agora mesmo os dois largaram todos os brinquedos novos e estão morrendo de rir porque o maior está fazendo puns na barriga da mais nova. Não é lindo? Em um minuto se agarrarão pelos cabelos, mas não importa.
Numa dessas threads falavam sobre gatilhos, alguém dizia de que adianta avisar sobre gatilhos em um livro, a vida não te avisa, e as pessoas são complexas demais para você saber o que pode ser que tenha como trauma. A mensagem mais verdadeira que li até agora.
Acredito que essa mesma pessoa mencionou sua primeira experiência com a neve (algo mágico, não?), uma lembrança horrível porque quase perdeu as mãos pelo frio. (resposta: não para alguns).
Talvez por conta disso eu não sentia que entrava no clima natalino. Tanta informação negativa, pessoas brigando nas redes sociais, sem falar o próprio estresse que eu mesma tive tentando manter as coisas em ordem por aqui em meio a saídas, cozinhar, decorar e glitter para todos os lados.
Não se pode vencer o glitter.
Somado a isso, dois bebês pequenos que não entendem essa correria e ainda têm fome, sono e outras necessidades em seus horários habituais, independente do que esteja acontecendo ao redor.
Outro motivo de não ter entrado no clima é a ansiedade com o ano novo. É sempre a mesma coisa, a empolgação de iniciar novas metas, essa animação que parece me impulsionar a fazer o impossível e dizer “Agora vai!”. É quase místico. Será que vai?
Eu geralmente faço listas grandes e impossíveis de coisas que gostaria de fazer, e estava pensando se no fundo não era algo bom. Tirar da mente ideias que podem servir para algo, quem sabe mais pra frente eu alcance ao menos uma coisa que pensava ser impossível, olhe para trás e me dê um tapinha nas costas.
Algo que eu fiz esse ano que até ajudou um pouco foi quebrar o ano em ciclos menores e fazer metas para cada ciclo, metas semestrais, trimestrais e mensais. Assim, recebia uma certa injeção de ânimo a cada certo tempo para manter as engrenagens funcionando. Foi assim que consegui ler mais, escrever mais, dentro das minhas circunstâncias.
Até consegui quebrar um pouco da minha extensa lista de livros para ler na vida1 e, como prometido, ao final compartilho alguns títulos que espero poder ler nos próximos anos (não apenas em 2024). Ainda consegue ser uma lista extremamente longa, não necessariamente na ordem que espero ler, e também consigo imaginar alguns títulos que poderiam ser facilmente retirados por enquanto, porém é algo que não pretendo fazer agora.
Haverão ainda acréscimos ao longo do ano, leituras coletiva que ainda não foram reveladas. Então ainda há tempo de organizar melhor a lista ao longo do ano. Afinal a meta de leitura não será a prioridade.
Bom, e o Bambu? (sem a piadinha, é a hora da mensagem de esperança e por isso segue uma imagem de inspiração)
Esses dias meu esposo veio contar que o bambu japonês demora 7 anos para brotar. Durante esses 7 anos a semente fica escondida debaixo da terra, criando uma complexa rede de raízes. Mas logo após esses sete anos, ele demora apenas 6 semanas para crescer até 30 metros.
Eu acredito que isso foi só uma desculpa, do porquê ele demorar 6 meses para realizar em menos de três dias algum trabalho que lhe pedi.
Entretanto, depois me fez pensar, que talvez esse deva ser o espírito do escritor, espírito do bambu japonês, daquele que se recolhe para criar uma obra maravilhosa depois do tempo necessário.
Se eu fosse coach convidaria todos vocês nesse ano que se inicia a ser como o bambu japonês. Mas eu mesma não consigo sê-lo, pelo menos não o tempo todo. Coloco minha cara a tapa e escrevo muitos textos, aleatórios, ficcionais, crônicas e publico, de certa forma para perder a vergonha que por tanto tempo me paralisou.
Quem sabe essa não seja a rede que necessito formar para construir esse trabalho de 30 metros? Pouco a pouco melhorar os textos, conhecer os leitores, ao mesmo tempo em que o trabalho principal será construído silenciosamente.
Enfim, tenho muita esperança de cumprir com o propósito de escrever ou ao menos trabalhar no meu livro durante todos os dias do próximo ano, mais do que ler todos esses livros ou qualquer outra meta que possa colocar.
Será bem vindo quem quiser acompanhar-me nessa jornada.
Um feliz Ano Novo a todos!