Eu prometi a mim mesma que não levaria o desafio de escrever 50 mil palavras em um mês muito a sério, porque sei bem como isso acaba. Tudo começa com um propósito, um plano é elaborado - nem sempre tão detalhadamente, às vezes sim, dando uma sensação de que “dessa vez vai ser diferente”, apenas a sensação -, então os primeiros passos são dados com muito entusiasmo, mas algo acontece no caminho, uma pedra, um tropeço pequeno que desanima e de repente tudo é abandonado.
Quando olho para trás, faz uma semana que não escrevo e fico me perguntando o que aconteceu?
A vida aconteceu. Ou como eu disse em algum momento, parece que as urgências acontecem apenas quando existe uma meta concreta, um prazo. É uma virose que vem, um dente nascendo, um compromisso importante, outro inesperado, quando vem a noite para poder aproveitar e escrever um pouco, o sono bate mais forte.
Ainda assim, escrevi 15 mil palavras e consegui estruturar e visualizar um pouco como será a história, começo, meio e fim. Sequer estava planejada para ser um romance, e cá estamos nós, criando uma trama muito mais profunda do que imaginava no início dessa jornada. O próprio tema do conto pedia para ser um trabalho fácil e cômico: após um longo período de exposição à radiação, um colunista de fofocas cria uma família de robôs.
Mas então decidi fazer dez capítulos, onde ele inicialmente volta para casa após perder todo seu dinheiro e sua dignidade na cidade das celebridades, por ter confiado em sua informante - e amante -, que era praticamente a chefona do crime. Então voltando para casa descobre que existe um material radioativo que sempre esteve ali e deixou a todos doentes, mantido o segredo pela família mais poderosa da cidade. Cidades pequenas sempre são cheias de segredos e pessoas encarando quem quer que venha de fora, né?
Bom, a ideia de fazer os robôs não é dele, mas de um amigo, que encontra a solução para limpar o material radioativo da cidade, o problema é que os efeito já não são reversíveis nos habitantes dali.
Já sabem o que acontecerá no final. Mas ainda assim, não deixa de ter as pitadas de imprevisibilidade.
E por que estou contando tudo isso? É que eu não acredito que seja bom o suficiente para ser uma história publicável. Não por ser um dos primeiros romances que eu escrevo, mas porque não é exatamente o tipo de história que me apaixona, por assim dizer. Dentro de mim há uma história que pisca como uma luz vermelha, querendo chamar a minha atenção e clamando para ser escrita.
É dessa história que vem uma voz e me diz que já escrevi o suficiente, tanto para a história das botas quanto para a dos robôs. Ao mesmo tempo penso que preciso terminá-las antes de iniciar essa empreitada - porque sim, será longa e não quis fazê-la precipitadamente em um mês, comentarei um pouco sobre isso semana que vem -, porém vejo que não faria mal algum intercalar. Especialmente ao ver o meu gráfico de escrita no site do NaNoWriMo, uma verdadeira montanha russa.
Não seria mais fácil ser constante, escrever um pouco todo dia? Bom, sim. Só que se eu escrevesse 500 palavras por dia estaria agora com 10 mil palavras e não 15. Agir movida pelo desespero e pela adrenalina em momentos específicos também tem suas vantagens. Mas não recomendo.
Em resumo, já que estamos acabando o mês e obviamente não vou completar as 50 mil palavras do NaNoWriMo, posso dizer quais as duas lições aprendidas:
Tudo bem começar como Tradicional e terminar como Rebelde, mudar no meio do caminho. O que vale é escrever um pouco todos os dias.
Assim como os seres humanos, os romances e seus personagens não reagem da forma como você espera. E tá tudo bem.
Ainda seguirei postando o #InstaWriMo no Instagram, não é porque não vou alcançar as 50 mil palavras esse mês que vou deixar a história de James e sua ilha radioativa sem um fim adequado, quem quiser acompanhar será muito bem vindo1. Não posso deixar pontas soltas. Além disso, vamos ver o quanto posso trabalhar nessa história que está implorando para ser escrita.
Até a próxima.